quarta-feira, 26 de novembro de 2008

COMO SE FOSSE A ÚLTIMA VEZ

E se corresse dali, com os sapatos nas mãos, a bebida borrando os olhos e a boca cheia de mentiras para contar.

Poderia espantar o mundo com a sua mudez descabida, safadeza nos olhos e buraco no coração.

Ou se não quisesse que ninguém soubesse, sairia devagar, descendo as escadas, de cara lavada e se esconderia na casa de alguma amiga para que ele não a encontrasse se procura-se.

Depois da bebida, amaram-se a noite inteira.

Bocas que percorriam os corpos, olhos que brilhavam cúmplices, suores que umideciam os lençóis, aromas que invadiam o quarto, suspiros e gemidos que se ouviam longe. A cama batia na parede e eles riam de quem pudesse ouvir.

Ato consumado ele dormia espalhado, tranquilo. Ela tentava rir baixo no banheiro, com o corpo ainda suado.

Sabia que não devia, mas a vontade era de pular em cima dele e morder com toda força para que nunca mais esquecesse.

Teve cautela. Ele era alguém que poderia machucar quando quisesse seu útero mas, também poderia despedaçar seu coração.

Respirou fundo. O suspiro, podia acordá-lo e pedir que explicasse. Mas não havia o que falar, estava tudo ali.

Ficou parada olhando aquele corpo nu tão livre bem a sua frente. Observou cada nuance do cabelo, a largura das costas, o torneado das pernas, o formato dos joelhos, o tamanho das mãos.

Quanto mais observava, mais seu coração brincava de bater descompassado entre a loucura e o fascínio do tesão.

Acalmou-se aos poucos, sabia que era capaz de tudo, só não podia perdê-lo naquele momento Se ele descobrisse toda aquela cena, ela sabia que o perderia para sempre.

E se fingisse que aquilo nunca aconteceu?

Se estava guardado era para que ninguém soubesse, talvez nem ele lembrasse, não tivesse importância.

Segurou o suspiro, acalmou-se aos poucos, arrumou tudo como estava tomando cuidado com o barulho.

Deitou ao lado dele devagar, colocou uma de suas mãos em sua cintura. Ele a encaixou em seu tronco sem abrir os olhos.

Dormiram abraçados, amanheceram com o sol na fresta da janela. Ele ainda embriagado de sono sorria, ela em cima dele o amou como se fosse a última vez.

Um comentário:

Tatiana disse...

Uauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
nada como uma imensa inspiração,. né amiga?????
hahahahahhaha