sábado, 20 de dezembro de 2008

CONFISSÕES DE 2008 !

Pois, para mim, não fedeu, nem cheirou! O amigo riu quando eu disse isso. Ele achava que eu ia dizer algo, digamos, mais consistente a respeito de 2008. Mas não. 2008 foi só isso: não fedeu, nem cheirou. Amizades, algumas eu fiz, mas só em 2009 vou saber se são verdadeiras. Quanto aos velhos amigos, tudo vai bem.
Os livros não me bastaram aos domingos, as angústias me aperrearam como nunca. Alguns - domingos e livros - foram bons. Outros – livros - foram lidos sem gosto. Ando com uma atual capacidade de abandoná-los pela metade.
A boêmia foi maltratada, eu diria. Uma boêmia sem sentido. Das mesas do ano inteiro, que, aliás, foram poucas, apenas algumas foram da boa boêmia, com conversa boa e ressacas prazerosas. De resto, crises existenciais diante do constante desencontro de pares. Faço-me entender quando digo isso? É que passei a maior parte do ano a procura de um par. Não um par amoroso, não diria isso tão publicamente. Um par simplesmente. Um par para meus questionamentos mundanos - existenciais, um par para as coisas que me alegram, um par para meus gostos musicais, para meus gostos dominicais, para o cinema, para meus devaneios, para as coisas que dão sentido, na minha opinião, à vida. É certo que tenho pares, mas preciso de mais. Não dou conta de mim, nem os outros. Meus poucos pares continuaram os do ano anterior. Os possíveis novos pares não se tornaram pares, pôr mais que eu insistisse, pôr mais que insistissem. Não há insistência no mundo que una díspares.
Houve sambas, houve coisas que há muito eu queria, houve confirmações de super sentimentos, houve brigas, houve fazer as pazes, houve você é um covarde e eu tenho sangue no olho, pedidos de desculpa, houve se fazer de doida (muito!), faz de conta que nada aconteceu também houve. Amores, nenhum. Nada que abalasse. Aliás, minto. Um quis abalar, mas foi curto demais, e era engano, era só uma carência travestida de crença de que aquele moço poderia vir a ser um amor, mesmo que passageiro. Não poderia. Aliás, acho até que ninguém é capaz de ser um amor para mim. Sou um bicho meio sem jeito, sem modos, uma chita fugitiva.
Comecei e terminei o ano, para bem dizer, do mesmo jeito: funcionária registrada, nenhum plano B começado, nenhuma atividade paralela para além da burocracia. Sequer me matriculei na academia. Eu digo que 2008 foi um daqueles anos que servem para se saber pôr onde as coisas vão se encaminhar, mesmo esse saber sendo algo inatingível.
Foi um ano de espera. De maturação. Eu fui como uma fruta no pé. Não fossem alguns oásis como as viagens, os novos amigos, o novo emprego e as verdadeiras amizades, estava eu a murchar no pé. Senti-me, boa parte dos meses, incapaz de sentir a integridade das alegrias, a integridade das músicas, das palavras. Ainda me sinto em busca de arrebatamentos, mas capaz de reconhecer que sou bem dotada de poucos, mas bons e verdadeiros afetos. Suportei 2008 graças às minhas pequenas verdades.
Para 2009, eu muito planejo. Mas estou fazendo de conta que não. De verdade, quero apenas duas coisas, que não ouso dizer o que são. Nem conto de como vou conseguí-las. Se virei a falar aqui de alguma coisa, vai ser dos planos que tenho, mas que estou fingindo que não os tenho. Mas 2009 está longe. Este dezembro rasteja. Posto que hoje é 20 e eu jurava ainda ser 10.

Um comentário:

Tatiana disse...

Muito bem escrito, minha amiga. Você deveria escrever com mais assiduidade. Faria bem a essa amiga aqui. E a você também!