sábado, 13 de dezembro de 2008

PALAVRAS

Eu queria escrever sobre tudo. Queria escrever sobre o meu cansaço, sobre o que meu coração sente e sobre o meu sono. Queria escrever sobre a tristeza repentina que acabei de sentir. Sobre a infância, sobre os professores, sobre a faculdade, o emprego, e sobre o futuro. Queria escrever como é mágico o pôr do sol visto da minha sacada. Queria escrever e descrever as milhares de visões que já tive da minha janela. Quando o céu parece algodão doce. Quando as nuvens parecem penteadas. Quando a lua aparece na minha esquerda; ou na direita! Queria escrever sobre a minha vontade de aprender italiano e violão. Queria escrever sobre como eu admiro o cabelo das pessoas... Como eu gosto de ver um menino de all star. Queria escrever sobre flores, a textura e seus odores. Queria escrever sobre saudade, sobre como existem coisas na vida que ninguém ensina! Queria descrever como é estar apaixonada. Queria ensinar a dormir, a chorar, a sentir cócegas. Queria contar os meus segredos mais secretos, as minhas vontades mais ocultas, as minhas bobagens, meus fetiches, minhas urgências. Queria falar sobre champanhe e vinhos. Sobre taças de cristal e mesa feita. Queria contar minha vida. Fazer um livro. Queria contar as minhas invejas, as minhas raivas, meus planos de vingança, meus porres, minhas fodas, meus feitiços, meus erros! Mostrar meus desejos em palavras e em gestos, de pessoas e de objetos. Queria ter risada gostosa, ter gravado teu jeito de andar. Eu queria escrever sobre o que exatamente sinto quando lembro da tua risada. E sobre o que sinto quando lembro de tudo. Queria descrever arrepios, de amor e de frio. Queria escrever sobre talheres, sobre casacos, sobre dicionários. E mostrar minhas fotos, meus guardados, minha cama e o que tem debaixo dela. Queria escrever sobre filmes, sobre atores e autores, sobre atuar, sobre fingir, sobre ir além. Queria descrever uma amizade perfeita, confiança, esperança, saúde e sabedoria. Descrever garganta rasgando, joelho saindo fora do lugar, abraços e beijos no pescoço.
Queria escrever sobre tudo. Com palavras escolhidas, cultas, infinitas. Palavras que ninguém entende, palavras que guardam segredos. Palavras para um ou outro, uma aqui outra ali. Palavras para bêbados, palavras para gente apaixonada, para incultos, para crianças e para quem observa o pôr do sol. Queria escrever para minha mãe e para meu pai, palavras ternas, carinhosas, concretas.
Mas, escrever. Sobre tudo. Escrever para sempre, em palavras infinitamente grandes, infinitamente tocantes, infinitamente infinitas.
Mas, eu fico aqui muda, calada, guardada.

Um comentário:

Tatiana disse...

Escreva, minha amiga. Você tem tanta paixão quando abre coração e escreve. Tanto dentro de si, Tanto lirismo or debaixo da casca dura. Tanta poesia sob seus olhos. Escreva e abra a porta da alma. Mesmo que ninguém nunca venha ler o que escreveu.
Escreva e se perpetue!