quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

SAFENA

Sabe o que é um coração
Amar ao máximo de seu sangue?
Bater até o auge de seu baticum?
Não, você não sabe de jeito nenhum.
Agora chega.
Reforma no meu peito!
Pedreiros, pintores, raspadores de mágoas
Aproximem-se!
Rolos, rolas, tinta, tijolo
Comecem a obra!
Por favor, mestre de horas
Tempo, meu fiel carpinteiro
Comece você primeiro passando verniz nos móveis e vamos tudo de novo do novo começo.
Iansã, oxum, afrodite, vênus e nossa senhora
Apertem os cintos
Adeus ao sinto muito do meu jeito
Pitos ventres pernas
Aticem as velas
Que lá vou de novo na solteirice
Exposta ao mar da mulatice
À honra das novas uniões
Vassouras, rodos, águas, flanelas e cercas
Protejam as beiras
Lustrem as superfícies
Aspirem os tapetes
Vai começar o banquete
De amar de novo
Gatos, heróis, artistas, príncipes e foliões
Façam todos suas inscrições.
Sim. vestirei vermelho carmim escarlate
O homem que hoje me amar
Encontrará outro lá dentro.
Pois que o mate.

Elisa Lucinda - a coisa mais linda que li nos últimos tempos

Um comentário:

N. Calimeris disse...

Li seu comentário no blog da Tati. Prazer, morena. Eu sou a Nana... então, você me tocou ali, com suas palavras. Não sei o que faz um forte, o outro fraco. Talvez, a nossa constituição de alma. Sou meio fraca, meio forte agora. Já fui mais fraca, sensível de pele à flor da pele. Talvez, os mais fortes sofram mais... vai saber, guardam tudo a sete chaves e choram sozinhos em algum canto escuro para que não os vejamos. Do jeito que ando vendo a vida, todos somos fortalezas, cada um a seu próprio modo e somos mais fortes ainda depois que certa idade passa. Então, se é o caso, força! Gostei da poesia!
bjos,
Nana