domingo, 4 de janeiro de 2009

CRISE DOS 50

É Quinta-feira. Melhor seria dizer que começa na Quinta-feira, afinal estar na casa dos cinquenta só vai terminar daqui a uns 10 anos. Eu não sei para os outros, ou melhor ainda, para as outras, mas para mim virou uma crise mutante galopante, enjoante que não aguento! Fazer cinquenta anos é a prova cabal de que não se pode mais ser considerada a mesma gatinha-inocentezinha-fofinha e tal. Eu já vivi demais para saber que o trema, por exemplo, vai e volta como tendência de moda (E não me conformo quando não posso usar). Também já estou por aqui por muito tempo para reconhecer assim, de cara, as pessoas com as quais posso me dar bem. É como se as vagas para amizade verdadeira e duradoura já estivessem preenchidas: "Desculpa, deixa seu currículo. Se aparecer alguma vaga de amigão, te ligamos."

Enfim, o fato é que faço cinquenta anos na quinta-feira. Não é medo, nem desespero ou algo desse tipo. É uma impressão de que o tempo passou rápido demais e eu nem percebi. Ser balzaca pode até ser muito legal, mas mexe com os brios de qualquer mulher que entende o tipo de sociedade onde vivemos. Uma vez ouvi esse cara com quem eu trabalhava dizer:"mulher pra mim, só até 24 anos." O pior é que ele devia ter uns 65, o idiota. A atitude das pessoas à nossa volta é que é de matar, eu diria. Não a idade em si. Afinal, eu tenho 50 com corpo de 80 e mentalidade de 12. Quase entendo bem minhas amigas quando dizem que, não há ninguém no mundo como eu - "Tem razão, minhas queridas. Muito bizarro para se repetir... Talvez de 80 em 80 anos que nem fenômeno astronômico."

Apesar de eu saber que essa minha crise pré-aniversário TODO MUNDO já conhece, juro que esta é um pouco pior. Uma sensação detestável de ainda não cheguei lá, como se não fosse mais dar tempo. Uma frustração invasiva como se daqui para 90 anos fosse ser um "pulo" também, um sentimento de Game Over quando na verdade, a vida só está começando.

O meu problema é que quero tudo para ontem, então acho fácil ficar resmungando a respeito da demora para resolver tudo que é necessário pra alcançar o que almejo. Logo, eu reclamo. Ué, eu tenho que falar algo, né? Se não for reclamação ou declaração cafona de amor, eu sou quase muda quando rodeada de gente.

Sendo assim, já sei que aprendi a reclamar muito bem até aqui, mas sério - palavras da tia velha - aprendi também que todos nós precisamos de alguém e que quando somos amados, podemos tudo. Parei de ter vergonha de não querer fazer mal aos outros para me beneficiar só para dar uma de esperta, conheço bem meus valores agora, aprendi a amar e me deixar ser amada (e isso faz diferença!), aceitei o fato de que não sou perfeita e NUNCA serei e notei que capacidade tem muito a ver com vontade e estímulo. Ei, até que não é tão mau ter QUASE 50!

Um comentário:

Al Kantara disse...

Cara Morena, astral p'ró alto. Também eu tenho quase cinquenta e garanto que sou muito menos babaca do que quando tinha quase trinta...