quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
AS VEZES
Às vezes, as certezas faltam, os sentimentos desobedecem e a desordem começa a ganhar força. Às vezes, o sorriso foge quando é necessário e só volta na hora errada. Às vezes o coração se acha dono do seu próprio nariz e coloca todo o resto do corpo em parafuso. Às vezes, felicidade no estado líquido não é suficiente, fica faltando o estado sólido, o gasoso e aquele que só acontece na quarta dimensão. Fica faltando compatibilizar as palavras com as intenções, os pensamentos com os sentimentos, as reclamações com as mudanças e a voz com o ouvido. Fica faltando encontrar a hora certa para fazer as coisas certas, porque tudo parece ser errado e estar no lugar errado. Tudo parece sem vida, sem propósito, sem cor, sem viabilidade, sem continuidade, sem saudade e sem vontade. Tudo parece de má vontade, até mesmo o que deveria ser bom. E a obrigação de ser bom só torna tudo pior. E o vento favorável não torna nada mais provável. E os últimos passos continuam sendo tão difíceis quanto os primeiros. E me dá vontade de fugir num óvni, virar hippie ou empilhar pedrinhas na cordilheira até montar uma casinha. E a lista do que não tem preço parece infinita. E penso que não dá para represar uma cachoeira sem alagar áreas secas. E o mundo parece um lugar pequeno demais para minha existência, o meu corpo parece um abrigo pequeno demais para minha alma, e quando noto já estou transbordando em mim mesma e percebo que todo o excesso coube no meu umbigo.
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